quarta-feira, 29 de abril de 2009

vende-se algoritmo para ser feliz

quem quiser ser feliz, mesmo feliz, não acredite em banhas da cobra, ser feliz é caro, muito caro. mas até 1 de Maio por um preço especial vendo uma fórmula milenar, desenvolvida pelas gajas que viviam na ilha dos amores. quem quiser basta transferir 500.000 € para a minha conta, e na volta do correio recebe o segredo.
e não tem de ler livros, aliás, é melhor nem ler livros. vou aliás escrever um livro a explicar que ler livros não é bom para a felicidade. aliás os livros alteram o próprio conceito de felicidade. aliás, comprem o meu livro que vai lá estar tudo explicado, mas é segredo. o livro sai brevemente, é só o tempo de o escrever.

30 e tal anos de sabedoria

não existe nada consequência para cada acto, é mentira.
as consequências é como se as casas de banho dos aviões não tivessem reservatório, é merda que cai do céu, de forma aleatória.

De quem é o carvalhal? É nosso!

sol no fds porra! senão ainda faço uma revolução!

foi bom

tinha-me esquecido de opinar sobre o concerto do david byrne. já está.

eu sou oliveira por graça do Senhor

aproxima-se o 13 de Maio, em que a Senhora se pôs em cima de uma azinheira

crónica do porque será

gostava mesmo de escrever uma espécie de crónica divertida, jovial e ao mesmo tempo profunda de conteúdo sobre o quotidiano, o dia a dia.
mas mesmo que o jeito estivesse lá o quotidiano hoje foi uma merda, um dia sem sinal de vida. uma merda desinteressante. como é que se chama o cão do obama mesmo?

um problema no roupeiro

a pensar deitar fora velhos maus habitos e arranjar novos maus hábitos

domingo, 26 de abril de 2009

25 de abril

não há como ouvir histórias na primeira pessoa do que se passava cá, antes do 25 de abril, para um gajo se sentir um anão. e para se sentir grato aos que bateram o pé, levaram nos cornos, foram presos, moeram a cabeça ao regime, e aos que o derrubaram
convém nao esquecer os filhos da puta que aqui mandaram tantos anos.
e o que correu mal, é culpa nossa, de todos, que isto agora é uma democracia.
não há cá um botas iluminado que nos diz para onde ir e nos solta os cães se gritamos alto.

um herói é um herói é um herói

se não fosse este gajo e outros, a esta hora provavelmente estava a comer porrada em vez de estar a beber uma cerveja e a escrever merdas por aqui. 25 de abril sempre.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

dois dias

uma vez passei dois dias numa casa isolada no delta, ali pelo tigre. sozinho e/mas com um gajo amigo. chamava-se beixa-flor, deve ser assim que os sul-americanos que falam castelhano dizem beija, não estou seguro, esqueci-me de perguntar. éramos mesmo sozinhos, não havia mais hóspedes, a praia era de areia e tinha o tamanho de uma pequena-área, mas sem baliza. a ideia também não era marcar golos. li o rayuela, que por acaso se lê rachuela, do cortazar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

falta-me um dente

despenteado, cansado
porque é que acordo inchado?
vazio, submisso
porque é que teimo nisso?
sem força, absorto
acordo outra vez morto
na luta despida
outra guerra perdida?
no mundo
encontra-se sempre o fundo

quase adulto, quase enxuto, quase morto, quase doutro

(um exercício chamado: foda-se não tenho medo de rimar, mas não volto a tentar)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

a semente estava lá, foi só regar

há-de chegar a hora em que vai ter de se reconhecer o direito à existência de bombistas emocionais, depois de muitas teorias e terapias, explicações e recriminações.
a desformatação dos modos de viver tem como contra a dor, como vantagem a estupida liberdade de se estragar sempre sempre tudo. de qualquer modo o determinismo da história vai-nos levar a esse futuro, que é assim como se vivessemos por exemplo na Holanda ou outro sítio de costumes liberais e muito poucas regras.

ninguém sabe porque é como é, mas eu por acaso tenho as minhas supeitas.

a musica é do cohen, em homenagem à janis joplin, passa-se no CHELSEA HOTEL, também por lá passei há umas semanas, mas não tenho muito a dizer em relação a isso. este post é sobre o facto de ser mesmo muito difícil, tão difícil que não dá para verbalizar.

espero ter sido claro


Hoje no Público, by Pedro Magalhães.

«Eram sete horas da manhã do dia 17 de Fevereiro de 2003 quando ocorreu uma mudança histórica na cidade de Londres. A partir desse momento, todos os veículos que quisessem circular ou estacionar no centro da cidade durante os dias de semana passaram a pagar uma “taxa de congestão”, que é hoje de oito libras (nove euros). Os residentes têm direito a um desconto de 90 por cento e estão isentos de pagar a taxa se estacionarem em garagens ou zonas designadas. Veículos com baixas emissões de CO2, de emergência ou usados por deficientes, transportes colectivos, assim como motos e bicicletas estão também isentos. O cumprimento destas regras é aferido através de câmaras que identificam automaticamente as matrículas, que são diariamente confrontadas com o registo dos pagamentos feitos.

Quais os efeitos deste medida? Num artigo de Outubro de 2006 do Journal of Economic Perspectives, Jonathan Leape resume as conclusões dos estudos existentes. O número de veículos privados que circulam na zona central baixou em 30 por cento. Mais de metade dos indivíduos que deixaram de usar o carro para entrar na zona central passaram a usar transportes públicos. [...]

Estocolmo é ainda melhor exemplo de uma capital europeia que introduziu um esquema deste tipo, protegendo uma área central de 30 km2. Foi em Agosto de 2007, precedido de um período experimental na primeira metade de 2006, ao qual se seguiu um referendo local. As formas de pagamento são bastante mais fáceis que em Londres e incluem um sistema tipo “via verde”. Em Março passado, a revista Transportation Research dedicou um número inteiro ao assunto. Conclusões? Efeitos iguais ou maiores que em Londres: diminuição do tráfego e do tempo de viagem; ausência de efeitos negativos no comércio; transferência de viajantes para transportes públicos; ausência de efeitos regressivos ou progressivos em termos de equidade na distribuição dos custos; e redução de acidentes, poluição e custos de manutenção da via pública. [...]

Eu sei que votar numa eleição não é fácil e há muita coisa a considerar. Mas espero que os mais de 500.000 eleitores que podem votar nas autárquicas em Lisboa aceitem deste seu concidadão um critério que simplificará muito a nossa decisão. Irão dizer-vos que a rede de transportes públicos em Lisboa não permite que se impeça a entrada de carros. Mas vocês sabem, como eu, que isso não é verdade. Vocês vêem, como eu, autocarros vazios em hora de ponta, parados por detrás de um mar de carros nos eixos centrais por onde se passa quando se entra e sai de Lisboa. É preciso melhorar? Sim, e irão dizer-vos que não há dinheiro. [...]

Vão também dizer-vos que aqueles que vêm para a cidade não têm bons meios para cá chegar sem ser o carro particular. Mas mesmo que isso fosse inteiramente verdade — e vocês sabem bem que não é —, pensem de quem será a responsabilidade, e como o actual estado de coisas desresponsabiliza as câmaras dos concelhos limítrofes de melhorarem os transportes públicos nos seus próprios municípios e os governos de investirem em melhores maneiras de chegar à nossa cidade. Pensem nos custos — em tempo, produtividade, saúde, segurança, vida familiar, conforto — que todos pagamos pelo actual estado de coisas. Vocês sabem tão bem como eu que muitos dos candidatos que temos tido à Câmara de Lisboa a vêem como mero degrau para outros cargos políticos e que, por isso, têm medo de hostilizar o eleitorado dos concelhos vizinhos. Mas isso tem sido um problema nosso que, felizmente, a democracia ajuda a que possamos fazer com que seja apenas um problema deles. É simples: candidato que não proponha uma maneira séria e radical de impedir a entrada de carros na nossa cidade não merece um único dos nossos votos. Vamos fazer essa experiência? Vão ver que funciona.»

segunda-feira, 13 de abril de 2009

curiosa coisa

os portugueses dizem "pôe-te na minha pele"
enquanto os ingleses dizem "walking on my shoes".
consequências? não sei... ficamos com pele mais flácida?
eles com pé de atleta?

vinho escuro

a noite passada andava alguém de cuecas e meias no escuro, às cabeçadas nas paredes em minha casa. os auscultadores gritavam "I'm coming up on infrared, there is no running that can hide you, Cause I can see in the dark. I'm coming up on infrared, forget your running, I will find you."
em princípio não estava ali mais ninguém, pelo menos não encontrei, mas não se pode garantir, era escuro como bréu.
a liberdade é sempre um assunto com importância, a liberdade também é estas cenas. as meias no entanto roubaram-lhe a dignidade. o vinho era bastante bom.

sábado, 11 de abril de 2009

Iowa’s Family Values - aconselha-se a leitura completa

crónica do NYT - STEVEN W. THRASHER
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"IF it weren’t for Iowa, my family may never have existed, and this gay, biracial New Yorker might never have been born.
In 1958, when my mother, who was white, and father, who was black, wanted to get married in Nebraska, it was illegal for them to wed. So they decided to go next door to Iowa, a state that was progressive enough to allow interracial marriage. My mom’s brother tried to have the Nebraska state police bar her from leaving the state so she couldn’t marry my dad, which was only the latest legal indignity she had endured. She had been arrested on my parents’ first date, accused of prostitution. (The conventional thought of the time being: Why else would a white woman be seen with a black man?)
On their wedding day, somehow, my parents made it out of Nebraska without getting arrested again, and were wed in Council Bluffs, Iowa, on March 1, 1958. This was five years before Nebraska would strike down its laws against interracial marriage, and almost a decade before the Supreme Court would outlaw miscegenation laws throughout the country in Loving v. Virginia.
When the good state of Iowa conferred the dignity of civic recognition on my parents’ relationship — a relationship some members of their own families thought was deviant and immoral, that the civil authorities of Nebraska had tried to destroy, and that even some of my mom’s college-educated friends believed would produce children striped like zebras — our family began. And by the time my father died, their interracial marriage was seen just as a marriage, and an admirable 45-year one at that.
That I almost cried last week upon reading that the Iowa Supreme Court overturned the state law banning same-sex marriage will therefore come as no surprise. I’m still struck by one thought: over the years, I’ve met so many gay émigrés who felt it was unsafe to be gay in so-called flyover country and fled for the East and West coasts. But as a gay man, I can’t marry in “liberal” New York, where I’m a resident, or in “liberal” California, where I was born, and very soon I will have that right in “conservative” Iowa.
Of course, the desire to define relational rights and responsibilities with a partner, to have access to the protection that this kind of commitment affords, is rather conservative. But it’s a conservative dream that should be offered to all Americans. Though it takes great courage for gays to marry in a handful of states now, one hopes that someday, throughout the nation, gay marriages, like my parents’ union, will just be seen as marriages.
It’s safe to say that neither the dramas of our family, nor its triumphs, could have been possible without the simultaneously radical and conservative occasion of my parents’ civil marriage in Iowa. And so when the time comes, I hope to be married at the City Hall in Council Bluffs, in the state that not only supports my civil rights now, but which supported my parents’ so many years ago.
Steven W. Thrasher is a writer and media producer. "

quarta-feira, 8 de abril de 2009

tenho esta ideia que para escrever bem é preciso ser muito sofredor e portanto...

ando a evitar zelosamente qualquer coisa que seja minimamente decente. mais do que uma bela merda já é arriscar a felicidade por umas palavras bem arrumadas

um gajo prematuro

ainda antes de escrever algo de jeito deu-lhe o bloqueio do escritor. era um gajo à frente do seu tempo.
(é quase como que um pedido de desculpa a quem aqui passe)

somos uns românticos do caralho



"The pornography industry is larger than the revenues of the top technology companies combined: Microsoft, Google, Amazon, eBay, Yahoo!, Apple, Netflix and EarthLink"



terça-feira, 7 de abril de 2009

crise

estava de olhos fechados a pensar que a base alimentar da maioria da população mundial é o arroz, a tentar imaginar todo o arroz do mundo junto quando, sem avisar, apareceste toda nua. claro que o arroz desapareceu todo.
e assim começa uma crise alimentar

estava de olhos fechados a pensar que a as pessoas têm todo o dinheiro nos bancos, a tentar imaginar todo o dinheiro do mundo junto quando, sem avisar, apareceste toda nua. claro que o dinheiro desapareceu todo.
e assim começa uma crise financeira

estava de olhos fechados a pensar que todos temos de acreditar nos fornecedores, nos nossos clientes, que é tudo gente séria, quando sem avisar, apareceste toda nua. claro que a confiança desapareceu toda.
e assim começa uma crise de confiança

estou a tentar pensar onde se compra roupa de gaja nos sonhos, antes de pensar no problema do aquecimento global. ainda morremos todos gelados.

medidas contra a crise - about politics

enfim, em primeiro é preciso tomates para enfrentar a crise.
por via das dúvidas decidi plantar uns tomateiros no jardim.
também a escassez de outros produtos frescos me há-de levar a continuar a saga agrícola, mas por agora, efizélias, um projecto de maracujá e medronhos para a aguardente.
só falta a carne e o leite, estou a pensar numa cabra.
depois podem fechar os bancos e esta merda toda.
está tudo convidado para uma festa rija nesse dia do apocalipse.